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Ana Paula Mendes Siqueira

Sensibilidade Conectiva

A PRENDA

O menino
recebeu a dádiva.

Era o seu dia, assim disseram.

Estranhou:
os outros dias não eram seus?

Se achegou.
Espreitou.

A oferenda,
era coisa nenhuma
que nem parecia existir.

– O que é isso?, perguntou.
– É uma prenda, responderam.

Que prenda poderia ser
se tinha forma de nada.

– Abre.

Abrir como
se não tinha fora nem dentro?

– Prova.

Como provar
o que não tem onde se pegar?

Olhou melhor.
Fixou não a prenda,
mas os olhos de quem a dava.

Foi, então:
o que era nada
lhe pareceu tudo.

Grato,
retribuiu com palavra e beijo.

O que lhe ofereciam
era a divina graça do inventar.

Um talento
para não ter nada.

Mas um dom
para ser tudo.

Mia Couto

Livro: Vagas e Lumes. COUTO, Mia.  págs. 105 e 106

 

O começo de tudo

O ontem não tornará a ser. Se foi, passou. E com ele, algumas oportunidades e o bem que deveria ter realizado. Há um propósito para cada tempo, para cada dia, de modo que o viver presente é uma dádiva e faz parte de um grande quebra cabeça. Não vemos o todo. Mas o Criador já o vê. Somos apenas viajantes, peregrinos desta jornada que nos levará ao final, que, na verdade, é o começo de tudo.

A viagem parece ser longa, mas num piscar de olhos estaremos lá. O propósito da jornada é diário e intenso. Não precisa correr, apressadamente, sem contemplar e cultivar o importante. Até porque, o essencial deve ser abarcado no hoje. Durante o caminho, encontraremos O caminho, o sentido de tudo, que devemos percorrer, contudo, veremos atalhos, trilhas atraentes, paisagens arrebatadoras e pedras – muitas pedras  – afim de paralisarmos.

O destino começa aqui. Enquanto caminho, amo e perdoo. Canto, danço e somo. Contribuo. Tudo tem um significado nessa estrada. Há uma história a ser escrita e vivida. De forma leve e feliz. Sem lamúrias, sem pesar. Porque, afinal de contas, a vida terrena é uma jornada para a eternidade.

 

Hoje é dia de Maria!

Ela é a Maria. Mais uma dentre as 13 milhões de brasileiras que têm o mesmo nome. Mas ela, não é qualquer Maria. É Dona Maria da Penha, nascida e crescida na Terra das Alterosas, do pão de queijo, do “uai sô”.

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De pele branquinha, totalmente flácida e enrugada não nega a idade que tem, embora ela queira esconder. É quase impossível não ver, por detrás daqueles cabelos grisalhos e lisos, as inúmeras histórias que ela carrega – inclusive a frustação de não saber ler.

Com passos trôpegos, Dona Maria sentou-se na cadeira para “prosear”, mas antes de contar os “causos” como uma boa mineira, queixou-se das dores nas pernas. Levantou a sua calça e mostrou as feridas, causadas pelas diabetes. Ela detesta ter de tomar insulina todos os dias, mas a jovem enfermeira a estimula brandamente: “É para a senhora ficar boa!”.

Entre uma palavra e outra, sem lamúrias, com apenas saudades – a qual seus olhos evidenciam -, Dona Maria fala carinhosamente da filha mais velha. Ela é mãe de duas mulheres e vó de quatro netos. Uma mora em São Paulo, não consegue visita-la muito pela distância e a outra, ela conta que, embora esteja mais perto, tem dois trabalhos e ainda tem que cuidar da casa e dos filhos.

O relógio marcava 14:30, hora de visita no asilo. Mas, infelizmente, ninguém havia aparecido.

A solidão é a principal companheira da Dona Maria. E ela teve de aprender a conviver com ela. Contudo, apesar da ausência, a velha senhora de sorriso largo não é uma pessoa acabrunhada, pelo contrário, seu olhar esconde a esperança. Esperança de apenas encontrar um ouvido disposto a ouvir os “causos” da mineira, que não sabe ler e nem fazer broa de milho, mas que tem um abraço amoroso, cheio de ternura.


Foto: Internet

“A vida não pode ser economizada para amanhã. Acontece sempre no presente.”

(Rubem Alves)

Aprendi

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Aprendi que a vida é curta demais para ficarmos rancorosos;
Aprendi que a gratidão é o caminho indispensável para a felicidade;
Aprendi que amar não consiste em apenas dizer “eu te amo” mas sim, de ações efetivas;
Aprendi que é possível fazer uma limonada com apenas um limão;
Aprendi que a vida é feita de ciclos, e portanto, aquilo que passou não tornará a ser;
Aprendi que é melhor viver em paz do que estar certa;
Aprendi que sou a protagonista da minha própria estória, contudo, para se tornar um clássico é indispensável ter momentos de coadjuvante;
Aprendi que as minhas atitudes não podem ser reflexo das ações de terceiros;
Aprendi que não adianta ter tantas virtudes e talentos se eu não tenho uma visão correta de mim mesma;
Aprendi que cada dificuldade/problema é um trampolim para o amadurecimento;
Aprendi que não se pode amar se não estiver disposto a perdoar;
Aprendi que nenhum sucesso é válido quando se perde os princípios e valores;
Aprendi que junto com o novo amanhecer há uma nova oportunidade;
Aprendi que a nossa jornada na terra não tem sentido sem amar e ajudar o próximo;
Aprendi que a vida é cheia de lições e que a cada minuto há algo a se aprender!

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