Ela é a Maria. Mais uma dentre as 13 milhões de brasileiras que têm o mesmo nome. Mas ela, não é qualquer Maria. É Dona Maria da Penha, nascida e crescida na Terra das Alterosas, do pão de queijo, do “uai sô”.
De pele branquinha, totalmente flácida e enrugada não nega a idade que tem, embora ela queira esconder. É quase impossível não ver, por detrás daqueles cabelos grisalhos e lisos, as inúmeras histórias que ela carrega – inclusive a frustação de não saber ler.
Com passos trôpegos, Dona Maria sentou-se na cadeira para “prosear”, mas antes de contar os “causos” como uma boa mineira, queixou-se das dores nas pernas. Levantou a sua calça e mostrou as feridas, causadas pelas diabetes. Ela detesta ter de tomar insulina todos os dias, mas a jovem enfermeira a estimula brandamente: “É para a senhora ficar boa!”.
Entre uma palavra e outra, sem lamúrias, com apenas saudades – a qual seus olhos evidenciam -, Dona Maria fala carinhosamente da filha mais velha. Ela é mãe de duas mulheres e vó de quatro netos. Uma mora em São Paulo, não consegue visita-la muito pela distância e a outra, ela conta que, embora esteja mais perto, tem dois trabalhos e ainda tem que cuidar da casa e dos filhos.
O relógio marcava 14:30, hora de visita no asilo. Mas, infelizmente, ninguém havia aparecido.
A solidão é a principal companheira da Dona Maria. E ela teve de aprender a conviver com ela. Contudo, apesar da ausência, a velha senhora de sorriso largo não é uma pessoa acabrunhada, pelo contrário, seu olhar esconde a esperança. Esperança de apenas encontrar um ouvido disposto a ouvir os “causos” da mineira, que não sabe ler e nem fazer broa de milho, mas que tem um abraço amoroso, cheio de ternura.
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